sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

"Eu quero pintar os pés!"

Na nossa sala várias explorações e descobertas com pés andam a acontecer.
No decurso de uma dessas explorações, o Ar. partilhou com todos nós uma vontade sua:

"Eu quero pintar os pés!"

Rapidamente, esta vontade de Ar. nos contagiou e, por isso, decidimos que, na manhã que temos dedicada na nossa agenda à Educação Artística, iríamos pintar (com) os nossos pés. Esta proposta, que surgiu a uma segunda feira, foi motivo de conversas constantes ao longo de toda a semana e, por isso, decidimos antecipar esta atividade.

Chegado o grande dia, descalçamo-nos, puxamos as calças para cima e pusemos pés à obra.


Das escorregadelas surgiram gargalhadas. Dos pés pintados surgiram sorrisos rasgados. Das mãos pintadas surgiram palmas partilhadas. Das caras pintadas surgiram olhares trocados.


Da proposta do Ar. surgiu um momento de exploração e alegria conjunta. Do "meu" criamos o "nosso" e, pé ante pé, cá nos vamos construindo como e em comunidade. 

"Gostei mais de cair." (M. S.)
"Gostei de não cair." (Ar.)
"Gostei de pintar as pernas. Escorreguei e pus as mãos no móvel e na parede." (Ma.)
 pintei as mãos e, depois, pintei o pescoço." (G.)
"Gostei de pintar as mãos." (Af.)
"Gostei de pintar as pernas." (L.)
"Gostei de não cair." (P.)
"Pintar as mãos e pôr na cara." (M.)
"De atirar a tinta." (V.)
"Gostei de pintar as pernas e o pescoço." (G.)
"Gostei de cair e pintar a cara." (R.)


Pé ante pé cá nos vamos descobrindo com a certeza de que este é o caminho que queremos percorrer.

sábado, 12 de janeiro de 2019

"Afinal ... o gato?"

As idas ao teatro são muito frequentes na nossa sala. Este ano já assistimos a dois espetáculos. No entanto, desta vez foi diferente: recebemos o teatro na nossa escola!

A notícia chegou à nossa sala na segunda feira à tarde. O espetáculo de teatro foi na sexta feira. Os restantes dias da semana fizeram-se marcar pelo entusiasmo e pela vontade sempre presente que este dia chegasse.

"Carolina, o teatro vem à escola!" (Ar.)
"A minha mãe disse que é dia de teatro." (G.)

A sexta feira chegou e, com ela, o espetáculo "Afinal ... o gato?", da Companhia Andante. Sabíamos que seria um espetáculo sobre um gato, mas, afinal, onde é que ele andava?

Durante, sensivelmente, quarenta e cinco minutos, deixamo-nos cativar pelo fantástico mundo de Fernando Pessoa mesmo sem saber que nele tínhamos entrado.

Escutamos poemas cantados.
Ouvimos o rufar dos tambores.
Observamos ações, cenários e movimentos.
Chamamos pelo gato e descobrimos qual a melhor forma para o fazer.
Assistimos e participamos.
Integramos o mundo do espetáculo.
Descobrimos Fernando Pessoa.

Com a Companhia Andante tivemos a possibilidade de viver um verdadeiro momento de animação cultural, que muito nos acrescentou.



No fim, ficou a vontade de que estes momentos de animação cultural se voltem a repetir.

"Carolina, vamos ao teatro?", pergunta Ar.
"Não, querido, já fomos. O teatro foi de manhã."
"Mas porquê? Não há mais?", responde Ar.

É que, afinal, somos felizes por sermos assim e por aprendermos assim na nossa sala.

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.
És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
"Gato que brincas na rua", de Fernando Pessoa