segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Os queques da Margarida

As manhãs de segunda feira são sempre de grande partilha. Contam-se as novidades do fim de semana, partilham-se fotografias, apresentam-se objetos. Neste momento em que a comunicação é a palavra de ordem surgem algumas propostas para atividades ao longo da semana.

"Fiz queques com o pai e a minha M.", conta M. sorridente ao apresentar-nos a fotografia que retrata este momento.
"E se fizessemos os queques do M.?", propus ao grupo.
"Sim!", responderam todos de forma muito entusiasta.


Decidimos, então, convidar a Margarida, mãe do M., para vir até à nossa sala ensinar-nos a fazer estes queques. Claro que a resposta da Margarida foi afirmativa e, por isso, numa manhã de quinta feira, brindou-nos com a sua companhia e com a sua experiência em fazer queques de maçã.


Para fazermos estes queques usamos os ingredientes necessários e, claro, a Bimby da Margarida.


Juntamos os ingredientes e enquanto a Bimby os triturava aproveitamos para untar as formas. Assim que a massa ficou pronta, a Margarida ajudou-nos a vertê-las nas formas.




Houve, contudo, quem não conseguisse resistir e logo aproveitou para provar a massa.




Chegada a hora do lanche foi tempo de provarmos os queques. Estavam deliciosos!

Obrigada Margarida por esta experiência gastronómica tão boa!

A educação em creche encontra-se intimamente relacionada com a participação ativa e o envolvimento significativo e sistemático das famílias na vida da escola. As atividades e projetos que acontecem em sala surgem, muitas vezes, de partilhas feitas em família. De facto, "o acompanhamento / regulação das crianças na sua descoberta do mundo e na apropriação da cultura são processos que se efetivam em diálogos constantes do/a educador/a com as crianças, com as famílias e com os outros profissionais que participam na vida do grupo" (Folque, Bettencourt & Ricardo, 2015, p.25). Em diálogos que nos acrescentam e nos desafiam enquanto grupo e enquanto seres sociais. Em diálogos que se revestem da cultura individual de cada um de nós e que se moldam e se aprofundam com a cultura dos nossos parceiros. A comunicação é, sem dúvida, a base da educação.

Referências bibliográficas:
Folque, M.A., Bettencourt, M. & Ricardo, M. (2015). A prática educativa na creche e o modelo pedagógico do MEM, Escola Moderna, 3, 13-34.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

"São romãs do meu jardim"

Ao entrar na sala, logo pela manhã, o Af. brindou-nos com um saco cheio de surpresas.
"São romãs", disse. "E estas são as folhas das romãs. Eu quero fazer uma pintura com elas", continuou.


Enquanto comunicava a sua partilha, o Af. contou-nos que as árvores das romãs se chamam romãzeiras. Havia, contudo, quem discordasse desta afirmação. Decidimos, por isso, pedir ajuda a outras salas para encontrarmos a resposta para esta nossa dúvida. Descobrimos que estas árvores se chamam mesmo romãzeiras.



De regresso à sala, e como verdadeiros pintores que somos, seguimos a proposta do Af. e pintamos com as folhas das romãzeiras. Para fazer esta pintura decidimos usar as cores que observamos nas romãs: roxo, amarelo, vermelho e castanho.





Enquanto estas descobertas se iam construindo, uma nova dúvida nos surgiu: Como é que é a romã por dentro? Decidimos, então, abrir as romãs para encontrarmos a resposta a esta nossa dúvida e ao fazê-lo muitas aprendizagens construímos.

"É para comer." (Ma.)
"A casca não se come." (P.)
"É vermelha." (G.)
"Tem graínhas." (Af.)



O percurso que vivemos foi de tal forma significativo e importante para todos nós que quisemos partilhá-lo com os nossos pares de outras salas.



Na nossa sala, as partilhas das famílias surgem com grande fluência. São partilhas que nos desafiam, que nos alimentam, que nos sossegam e que nos alegram. São partilhas que constroem o currículo. São partilhas valorizadas socialmente. São partilhas que nos formam e reformam. São partilhas que se transformam em cultura de grupo.

Obrigado Af. e família por esta partilha tão boa!

domingo, 11 de novembro de 2018

Educar a cuidar. Cuidar a educar

A educação é um ato de cuidar. E, na nossa sala, cuidamos tanto!

Cooperando e ajudando a superar dificuldades ...




... Interagindo e partilhando brincadeiras ...






... Trocando carícias e mimando muito ...







Educamos no cuidado, porque acreditamos que é no afeto que se constroem as aprendizagens. Educamos em afetividade, porque acreditamos que cooperar exige cuidar. Educamos para o carinho, com carinho e carinho. Educamos a cuidar. Cuidamos a educar.

"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em casa coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes."
(Ricardo Reis)

sábado, 10 de novembro de 2018

De partilha em partilha construímos o nosso conhecimento

Na nossa escola acreditamos convictamente que "o envolvimento das famílias nas atividades de creche feita de uma maneira informal e participada constitui uma mais valia na promoção da autoestima da criança" (Shonkhoff & Phillips, 2000, citados por Carvalho, Silva & Nunes, 2013, p.63). Por esse motivo, as famílias sentem-se livres para partilharem connosco a sua cultura familiar.

Neste clima de liberdade de partilha, o J. apresentou-nos a sua família através de uma fotografia. E sendo a família o grande suporte e as verdadeiras figuras de referência das crianças, rapidamente esta fotografia contagiou o grupo e deixou todos com vontade de trazerem para a sala fotografias das suas famílias.


Obrigado Xana e o João por nos brindarem com esta foto que tanto nos desafiou!

Pedimos, então, a cada uma das famílias que nos ajudasse no alcance deste desejo e rapidamente as pessoas que íamos vendo chegar à nossa sala de manhã ou no fim do dia se tornaram nossas conhecidas. Rapidamente, a "mãe do V." deu lugar à "Joana", a "irmã do M." deu lugar à "M.", "o pai da Ma." deu lugar ao P." que tem o mesmo nome que o pai do M. e do P. que integra o nosso grupo. É que, afinal, na nossa sala temos muitos nomes repetidos ...





A observação destas fotos de famílias e os diálogos que em torno delas vão acontecendo ajudam-nos a aprofundar o nosso conhecimento sobre todas as famílias que integram o nosso grupo. Com efeito, quando as mesmas nos visitam ou nos brindam com alguma partilha todos nós já as conhecemos bem melhor e imprimimos um grande cuidado e uma imensa empatia no modo como as recebemos. Acima de tudo, o que é dos nossos pares torna-se um pouco nosso, também, e a valorização social que damos a estas partilhas torna-se significativa para todos nós.

Em conversa, a mãe da R. partilhou comigo que a sua filha sabe o nome dos pais de todas as crianças da sala. "É impressionante. Ela sabe mesmo todos", dizia-me surpreendida e orgulhosa.
Registo de observação





Numa conversa de fim de dia, o Ricardo, pai da V., apercebeu-se que na nossa área das ciências temos nozes e partilhou connosco que a V., nesse fim de semana, havia descoberto as nozes na sua forma natural depois de caírem das árvores e que havia adorado. A Marta propos, então, ao Ricardo que partilhassem connosco estas nozes, porque também nós não as conhecíamos.

Na manhã de segunda feira, a V. partilhou connosco estas nozes, que rapidamente quisemos abrir e conhecer explorando.



Claro que quisemos partilhar esta descoberta com a sala da Marta, que divide a área das ciências connosco.


Obrigado Joana e Ricardo por partilharem connosco esta descoberta!

A Joana, mãe do V., partilhou comigo que iria à sala do seu filho mais velho fazer bolinhas de energia. "Será que teria sentido para o grupo do V., também?", questionou-me de seguida. "Claro que tem!", respondi-lhe cheia de vontade de receber a Joana na nossa sala. Combinamos, de seguida, que numa sexta feira de manhã, a Joana viria, então, à nossa sala.

De saco cheio e de sorriso rasgado, a Joana e o V. entraram na nossa sala logo de manhã, cantaram "bom dia" connosco e surpreenderam-nos com um saco cheio de alimentos que não conhecíamos e com uma máquina que fazia um barulho que adoramos. E adoramos, principalmente, porque a Joana nos convidou a mexer em tudo, usar tudo e explorar tudo!





Dentro do saco da Joana vinham, então, avelãs, tâmaras, coco ralado, cacau em pó e uma trituradora para misturarmos todos os alimentos. Depois de tudo muito bem misturado, o objetivo era que fizessemos bolinhas que comeríamos posteriormente. Claro que saltamos a parte de fazer bolinhas e passamos logo para a fase de comer. Estavam deliciosas!




Obrigado Joana por nos ensinar esta nova receita!

A Cl. recusa comer algumas frutas. Em conversa, apercebemo-nos que, na escola, a Cl. come maçã com uma maior facilidade do que em casa. Deste modo, a Simone e o Riacrdo, pais da Cl., presentearam-nos com um cesto de frutas variadas, que pudemos conhecer e explorar na nossa sala. Este cesto continha frutas já bem nossas conhecidas, como a maçã, o kiwi, as uvas e a romã, mas também continha frutas que não conhecíamos tão bem: a ameixa, a manga, a goiaba e a clementina. 



Com a ajuda do Ricardo conhecemos o nome de todas as frutas e, em conjunto, decidimos preparar uma salada de frutas. Claro que, neste dia, a nossa sobremesa do almoço foi preparada por nós e todos a comemos com grande satisfação, incluindo a Cl.




Obrigado Simone e Ricardo por esta partilha tão saborosa!

A sala da Marta realizou um projeto sobre corais, que, depois de terminado, expos na porta da sua sala. A Mónica, mãe do Af., partilhou connosco que têm na sua casa vários corais, que podiam partilhar connosco.


Numa das nossas reuniões da manhã, o Af. partilhou connosco estes corais, que integramos na nossa área das ciências e que temos vindo a explorar.


Obrigado Mónica e Nuno por nos ajudarem a construir a nossa área das ciências!

A família é a primeira instância educativa de todos os seres humanos. Não obstante, a aprendizagem das crianças é construída através da influência que os diferentes meios que a criança integra detêm sobre si. É, nesse sentido, que a família e a escola se devem entender como parceiras. É, neste sentido, que todos nos temos construído como grupo. Um grupo que se apoia, que se desafia, que se acrescenta e que se agradece. Um grupo que se conhece, que se valoriza e que se felicita. Um grupo composto pelas crianças, pelas suas famílias e pela equipa da escola, porque todos nós somos responsáveis pelas aprendizagens uns dos outros.

Obrigado famílias por todas estas partilhas!