sábado, 10 de novembro de 2018

De partilha em partilha construímos o nosso conhecimento

Na nossa escola acreditamos convictamente que "o envolvimento das famílias nas atividades de creche feita de uma maneira informal e participada constitui uma mais valia na promoção da autoestima da criança" (Shonkhoff & Phillips, 2000, citados por Carvalho, Silva & Nunes, 2013, p.63). Por esse motivo, as famílias sentem-se livres para partilharem connosco a sua cultura familiar.

Neste clima de liberdade de partilha, o J. apresentou-nos a sua família através de uma fotografia. E sendo a família o grande suporte e as verdadeiras figuras de referência das crianças, rapidamente esta fotografia contagiou o grupo e deixou todos com vontade de trazerem para a sala fotografias das suas famílias.


Obrigado Xana e o João por nos brindarem com esta foto que tanto nos desafiou!

Pedimos, então, a cada uma das famílias que nos ajudasse no alcance deste desejo e rapidamente as pessoas que íamos vendo chegar à nossa sala de manhã ou no fim do dia se tornaram nossas conhecidas. Rapidamente, a "mãe do V." deu lugar à "Joana", a "irmã do M." deu lugar à "M.", "o pai da Ma." deu lugar ao P." que tem o mesmo nome que o pai do M. e do P. que integra o nosso grupo. É que, afinal, na nossa sala temos muitos nomes repetidos ...





A observação destas fotos de famílias e os diálogos que em torno delas vão acontecendo ajudam-nos a aprofundar o nosso conhecimento sobre todas as famílias que integram o nosso grupo. Com efeito, quando as mesmas nos visitam ou nos brindam com alguma partilha todos nós já as conhecemos bem melhor e imprimimos um grande cuidado e uma imensa empatia no modo como as recebemos. Acima de tudo, o que é dos nossos pares torna-se um pouco nosso, também, e a valorização social que damos a estas partilhas torna-se significativa para todos nós.

Em conversa, a mãe da R. partilhou comigo que a sua filha sabe o nome dos pais de todas as crianças da sala. "É impressionante. Ela sabe mesmo todos", dizia-me surpreendida e orgulhosa.
Registo de observação





Numa conversa de fim de dia, o Ricardo, pai da V., apercebeu-se que na nossa área das ciências temos nozes e partilhou connosco que a V., nesse fim de semana, havia descoberto as nozes na sua forma natural depois de caírem das árvores e que havia adorado. A Marta propos, então, ao Ricardo que partilhassem connosco estas nozes, porque também nós não as conhecíamos.

Na manhã de segunda feira, a V. partilhou connosco estas nozes, que rapidamente quisemos abrir e conhecer explorando.



Claro que quisemos partilhar esta descoberta com a sala da Marta, que divide a área das ciências connosco.


Obrigado Joana e Ricardo por partilharem connosco esta descoberta!

A Joana, mãe do V., partilhou comigo que iria à sala do seu filho mais velho fazer bolinhas de energia. "Será que teria sentido para o grupo do V., também?", questionou-me de seguida. "Claro que tem!", respondi-lhe cheia de vontade de receber a Joana na nossa sala. Combinamos, de seguida, que numa sexta feira de manhã, a Joana viria, então, à nossa sala.

De saco cheio e de sorriso rasgado, a Joana e o V. entraram na nossa sala logo de manhã, cantaram "bom dia" connosco e surpreenderam-nos com um saco cheio de alimentos que não conhecíamos e com uma máquina que fazia um barulho que adoramos. E adoramos, principalmente, porque a Joana nos convidou a mexer em tudo, usar tudo e explorar tudo!





Dentro do saco da Joana vinham, então, avelãs, tâmaras, coco ralado, cacau em pó e uma trituradora para misturarmos todos os alimentos. Depois de tudo muito bem misturado, o objetivo era que fizessemos bolinhas que comeríamos posteriormente. Claro que saltamos a parte de fazer bolinhas e passamos logo para a fase de comer. Estavam deliciosas!




Obrigado Joana por nos ensinar esta nova receita!

A Cl. recusa comer algumas frutas. Em conversa, apercebemo-nos que, na escola, a Cl. come maçã com uma maior facilidade do que em casa. Deste modo, a Simone e o Riacrdo, pais da Cl., presentearam-nos com um cesto de frutas variadas, que pudemos conhecer e explorar na nossa sala. Este cesto continha frutas já bem nossas conhecidas, como a maçã, o kiwi, as uvas e a romã, mas também continha frutas que não conhecíamos tão bem: a ameixa, a manga, a goiaba e a clementina. 



Com a ajuda do Ricardo conhecemos o nome de todas as frutas e, em conjunto, decidimos preparar uma salada de frutas. Claro que, neste dia, a nossa sobremesa do almoço foi preparada por nós e todos a comemos com grande satisfação, incluindo a Cl.




Obrigado Simone e Ricardo por esta partilha tão saborosa!

A sala da Marta realizou um projeto sobre corais, que, depois de terminado, expos na porta da sua sala. A Mónica, mãe do Af., partilhou connosco que têm na sua casa vários corais, que podiam partilhar connosco.


Numa das nossas reuniões da manhã, o Af. partilhou connosco estes corais, que integramos na nossa área das ciências e que temos vindo a explorar.


Obrigado Mónica e Nuno por nos ajudarem a construir a nossa área das ciências!

A família é a primeira instância educativa de todos os seres humanos. Não obstante, a aprendizagem das crianças é construída através da influência que os diferentes meios que a criança integra detêm sobre si. É, nesse sentido, que a família e a escola se devem entender como parceiras. É, neste sentido, que todos nos temos construído como grupo. Um grupo que se apoia, que se desafia, que se acrescenta e que se agradece. Um grupo que se conhece, que se valoriza e que se felicita. Um grupo composto pelas crianças, pelas suas famílias e pela equipa da escola, porque todos nós somos responsáveis pelas aprendizagens uns dos outros.

Obrigado famílias por todas estas partilhas!

1 comentário:

  1. Olá Carolina, que maravilha! Tantos projectos e tantas novidades! Felizmente o Artur já está recuperado e regressa na segunda-feira já cheio de saudades dos amigos, dá Carolina e da Drica.

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