O refeitório da nossa escola é, efetivamente, um espaço de encontros. Nos momentos de refeição encontramo-nos sempre com outros grupos e partilhamos com eles as nossas refeições. Na passada sexta feira, juntamos duas mesas e reunimo-nos em grupo para lanchar. O leite integra os lanches de todas as sextas feiras e, para isso, precisamos de copos.
Em cima da mesa encontra-se um conjunto de copos todos empilhados.
S. agarra neste conjunto e tenta tirar um copo para si.
M. observa a ação, por mim anteriormente valorizada, e diz: "Eu também quero tirar o copo!".
"Agora está o S. a tentar, M. Tens que esperar um pouco, por favor.", verbalizo.
S. não consegue tirar nenhum copo e afasta o conjunto.
"Queres que o M. te ajude?", pergunto-lhe.
"Sim!", responde-me S. e eu entrego o conjunto de copos a M.
M. agarra no conjunto de copos e tenta desempilhar um copo.
"Eu também quero!", diz L.
"Deixa o M. tentar e tu já tentas, L.", respondo.
M. percebe que não o consegue fazer e afasta os copos.
"Podes dar, então, à L. para ela tentar tirar?", proponho.
M. entrega os copos a L., que tenta desempilhar um, mas não o consegue fazer.
Proponho que L. entregue o conjunto de copos a R., que se encontrava a seu lado.
R. agarra nos copos e tenta desempilhar um copo, mas não o consegue fazer.
"Posso-te ajudar?", pergunta L. a R.
"Sim!", responde R. sorridente a L. e esticando-lhe os copos.
R. segura numa ponta e L. segura na outra ponta dos copos.
Sorriem e trocam gargalhadas enquanto continuam a tentar desempilhar os copos.
Não conseguem fazê-lo, mas não se inquietam com isso.
Continuam a sorrir e a partilhar gargalhadas.
Estão verdadeiramente felizes por partilharem esta tentativa conjuntamente.
Estão verdadeiramente felizes por estarem a cooperar entre si!
"Têm que tirar o de baixo. O de baixo é mais fácil!", explica X., que sendo mais velho já experienciou mais vezes esta ação.
"Olhem, o X. está a propor-vos uma coisa muito importante. Ora escutem lá. X., podes repetir, por favor?", intervenho.
"Tirem o copo de baixo. É mais fácil."
R. e L. tentam retirar o copo que se encontra no fim do conjunto, mas não o conseguem fazer.
"X., queres vir aqui ajudar-nos?", pergunto.
X. levanta-se e vem ao nosso encontro.
"O X. pode ajudar-vos?", pergunto a R. e a L.
R. e L. entregam felizes e curiosas os copos a X., que se esforça por retirar o último copo do conjunto e, passado algum tempo, consegue fazê-lo.
Todos sorriem.
"Obrigada, X.", digo.
"Obrigada!", repetem algumas crianças do grupo.
E quando nos questionamos sobre os benefícios da cooperação entre as crianças, entre as pessoas encontramos a resposta nestas ações. E quando nos questionamos sobre os benefícios da heterogeneidade encontramos as respostas nestas ações.
A educação é, sem dúvida, um ato de cooperação!
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