sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

"Carolina, eu sou o mais crescido!"

Ao entrar na sala, logo pela manhã, sou abordada com um diálogo que a todos nos contagiou:

"Carolina, eu sou o mais crescido da sala!", interpela-me P.
"Não, não, o mais crescido sou eu!", contesta Ar.
"Não, não. Eu é que sou! E se puser o cabelo assim [levanta o cabelo], ainda sou mais crescido!", continua P.

O diálogo iniciado por P. e por Ar. rapidamente nos contagiou. De tal forma que, rapidamente, houve quem se pusesse em cima da cadeira para tentar chegar mais alto ...

Mas, afinal, quem será o mais alto da nossa sala?
Foi isso que nos propusemos a descobrir!

Na nossa biblioteca de sala temos uma história de Leo Lionni e que se chama "Pé Ante Pé". É uma história que fala, precisamente, do comprimento de alguns animais e, por isso, adotamos a estratégia da lagarta desta história para nos medirmos uns aos outros: medirmo-nos com os nossos pés.

Com a ajuda da Raquel, descobrimos que os nossos sapatos têm números diferentes, porque os nossos pés também têm tamanhos diversos. Percebemos, então, que teríamos que escolher um único pé para nos medirmos. Escolhemos, então, o pé da Luísa como a nossa medida.

Pé ante pé e deitados no chão, a Luísa lá nos foi medindo e nós fomos descobrindo quem é que poderia ser o mais alto.


Neste processo descobrimos, também, que a Luísa e a Gabriela tinham um pé do mesmo tamanho. Decidimos, então, que seria a Gabriela a decalcar o seu pé pintado nas folhas, para que, posteriormente, pudessemos montar o gráfico que nos iria ajudar a descobrir as nossas alturas.


Já com o gráfico todo montado, sentamo-nos a observá-lo, a dialogar sobre ele e as aprendizagens foram, assim, sendo evidenciadas:

"O V. e a L. são mais baixos do que eu. Eu também sou alto" (J.).
"O J. é mais baixo do que o Ar. O Ar. é mais alto do que o J." (Af,)
"O P. é mais alto do que eu." (L.)
"Sou mais baixa do que a Mi." (Ma.)
"Sou mais alto do que o M." (V.)
"O Ar. é mais baixo do que eu. Eu sou o mais alto." (P.)
"Sou mais alto do que a Ma." (Ar.)
"Eu sou mais alto do que o V." (M.)
"A Cl. é mais alta do que eu e o P. e o J. A G. é mais baixa do que eu e o Af. e o V. e o M." (R.)
"V., tu és o mais baixo?", pergunto. "Sim!", responde V.

Todos juntos chegamos, ainda, à conclusão de que:

O P. é o mais alto da nossa sala.
O V. é o mais baixo da nossa sala.
O J. e a L. são da mesma altura.


Mesmo agora que já descobrimos quem é que é o mais alto da nossa sala, as descobertas e as representaçãoes gráficas continuam:

"Af., o que é que estás a fazer?", pergunto.
"Estou a desenhar as alturas", responde-me.


"Cl., o que é que desenhaste?", pergunto.
"As alturas", responde-me.


"Uau, Ma., está mesmo giro o teu desenho. O que é que é?", pergunto.
"São as alturas", responde-me.


Seguimos, agora, com a certeza de que "o importante é o processo, o caminho que se percorre e não tanto o ponto de partida ou de chegada" (Cruz, Ventura, Rocha, Peres & Sousa, 2015, p.36). Seguimos, agora, com a certeza de que com a inquietação do P. e do Ar. redescobrimos o nosso corpo, conhecemos e compreendemos conceitos matemáticos, exploramos uma pintura com os nossos pés, observámos, desenhámos e dialogamos. Seguimos, agora, com a certeza de que ser mais alto ou mais baixo é, apenas, um adjetivo. O importante é a construção cooperada de aprendizagens que vivemos.

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