sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Entre reis e rainhas, príncipes e princesas

Na reunião da manhã, o P. partilhou connosco um dos seus bonecos da playmobil. Desta vez, brindava-nos com um rei. Como conversa puxa conversa e partilha puxa partilha, envolvemo-nos num verdadeiro diálogo de confronto cognitivo.

"Os reis e as rainhas usam coroas", sabia-se.
"Eles moram nos castelos."
"Não, não, é nos palácios", debatia-se.
"Mas o que é que os reis fazem?"
"E de quem é que eles são amigos?", perguntava-se.

Entre certezas e inquietações, interesses e curiosidades decidimos, então, envolvermo-nos num novo projeto. Um projeto que nos ajudasse a responder a todas as nossas questões.

Paralelamente, na sala da Mariana, a L.S. partilhou com o grupo duas marionetas que o seu avô lhe tinha oferecido: uma era um rei e outra era uma rainha. Em conversa, a Mariana partilhou com todo o grupo que, na nossa sala, íamos iniciar este projeto e desafiou a L.S. a emprestar-nos estas marionetas. Ao tomarem conhecimento deste projeto, a L.S., a M.S. e a M.B. vieram à nossa sala, dizendo:

"Olha, escreve aí [no diário] que nós também queremos participar no projeto dos reis!"

Proposta lançada é, para nós, sinónimo de desafio aceite e, por isso, todos juntos demos início a este projeto.

Entre idas à biblioteca, pesquisas nos livros e diálogos sobre as informações que iam sendo recolhidas, as aprendizagens foram-se construindo.

A L.S., a M.S. e a M.B. foram sendo, sempre, um apoio para o nosso grupo, porque tendo já mais experiência na realização de projetos, foram partilhando connosco também algumas das suas experiências. Principalmente, nos momentos de brincadeira que sempre se seguiam aos da realização do projeto!


A Joana, mãe da M., teve, também, um papel fundamental em todo este processo. De mão dada com a M. e de saco cheio de surpresas presenteou-nos com escudos de cavaleiros (que havíamos já descoberto que são amigos dos reis) e com coroas que pudemos decorar. Trazia, também, brilhantes que nos ajudaram a fazer coroas quase tão parecidas às dos reis de verdade. Com a ajuda da Joana concretizamos uma das nossas vontades para este projeto - construir coroas e escudos -, mas, sobretudo, recordamos a importância e a maravilha que é termos as nossas famílias na nossa sala.
Obrigada Joana por esta visita tão boa!


Passo a passo fomos construindo o nosso projeto e vivendo todo o processo. Por isso, ao terminá-lo claro que o quisemos partilhar e, desta vez, escolhemos o restante grupo da sala da Mariana e a sala da Mónica para nos acompanharem na fase final, a da comunicação do nosso projeto. Recebemos elogios e sugestões de melhoria. Fomos parabenizados e sentimo-nos valorizados. Crescemos e aprendemos.


Ao terminarmos este projeto, diversas são as aprendizagens que levamos connosco sobre reis e rainhas, príncipes e princesas. No entanto, levamos, sobretudo, um saco cheio de relações sociais, de confrontos cognitivos e de superações pessoais.

Ao envolverem-se na concretização de um projeto, as crianças participam ativamente na construção dos seus próprios conhecimentos de forma concreta e em interação com os seus pares e com o adulto que o apoia. Deste modo, o grupo vai construindo, em cooperação, o seu saber. Por esse motivo, na nossa sala entendemos os projetos como uma estratégia ótima para a construção cooperada de aprendizagens. De facto, "é assim que avançamos no conhecimento, a partir do conhecimento anterior, do já vivenciado ou das práticas passadas e através das pausas críticas (Habermas, 1987), tomadas de consciência, metacognição ou avaliação (Niza, 1997)" (Mendes, 2005, p.7).

Referências bibliográficas:

Mendes, L. (2005). Avaliação: um processo partilhado. Escola Moderna, 24, 5-13.

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